domingo, 24 de julho de 2022

Carta de Paulo a Filemom

 


Por: Jânio Santos de Oliveira



     Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena


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Meus amados e queridos irmãos em cristo Jesus, a PAZ DO SENHOR!

 




 Esta carta também faz parte do grupo “cartas da prisão” escritas pelo apóstolo Paulo e tem vínculos com Colossenses (Cl. 4.9), não havendo dúvidas que as duas cartas foram escritas ao mesmo tempo.

 

Autoria e canonicidade

 

Por ser uma carta breve, que trata de um assunto particular, é natural que Filemon tenha sido pouco citada na literatura antiga, mas ela aparece nos primeiros cânons (Muratoriano e de Marcião) e figuras como Tertuliano, Orígenes, Jerônimo e Crisóstomo fizeram referência a ela defendendo a autoria de Paulo e sua aceitação no cânon. Não há registros de qualquer dúvida sobre a autoria e canonicidade desta carta nos primeiros séculos do Cristianismo, mas houve no século IV certo preconceito contra ela, por parte de pessoas que não tinham apreço pelo tema da generosidade para com os escravos, que é o assunto tratado.

 

 Data e local da escrita

 

As mesmas conjeturas sobre a escrita em Éfeso ou Roma, discorridas nesta apostila no capítulo da Carta ao Filipenses, se aplicam aqui. Acrescente-se como mais um argumento a favor de Éfeso o v. 22, onde Paulo solicita que Filemom prepare um quarto para hospedá-lo, pois esperava sair logo da prisão. Isso sugere que Paulo estava numa cidade próxima de Colossos. Se Éfeso for aceita como o local da escrita a data seria o final dos anos 50 d.C., se Roma for considerada a data pertence ao final dos anos 60 d.C.

 

 Tema

 

 Na Carta a Filemom o apóstolo solicita a certo cristão, proprietário de escravos, que acolhesse gentilmente, e talvez conferisse a liberdade, a um escravo fugido que apenas recentemente se convertera, e que agora retornava à presença de seu senhor. Dificilmente há um exemplo mais notável dos salutares efeitos sociológicos do evangelho, em todo o Novo Testamento.

 

Filemom, o proprietário de escravos

 

Filemom, residente em Colossos, tornara-se cristão por intermédio de Paulo (“tu me deves até a ti mesmo” v. 19). Muito provavelmente isso sucedeu na cidade vizinha de Éfeso, durante o ministério efetuado ali por Paulo. Uma congregação costumava reunir-se na residência de Filemom (v. 2). Os primitivos cristãos não contavam com templos, e, por isso mesmo, se reuniam nas residências de seus membros. Se o número de crentes fosse grande demais para acomodá-los, usavam diversas residências.

 

Onésimo, o escravo

 

Um escravo de Filemom, de nome Onésimo, fugira levando consigo algum dinheiro de seu senhor e se refugiara em Roma (ou Éfeso?), onde entrou em contato com Paulo. Considerando os costumes da época, é razoável pensarmos que Filemom mandou Onésimo realizar algum trabalho em outra cidade e ele não voltou. Na antiguidade (pelo menos entre os gregos) um escravo podia fugir de seu senhor e procurar proteção junto a um altar, que poderia ser o altar de uma família. Nesse caso o chefe da casa ficava obrigado a fazer o escravo voltar, e se ele não obedecesse seria vendido e o dinheiro enviado ao seu proprietário. Não sabemos como Onésimo entrou em contato com Paulo, mas isso tornou o apóstolo responsável por seu retorno ao seu senhor, apesar de desejar mantê-lo consigo (v. 13). Como agente de sua conversão, Paulo o convenceu, que na qualidade de cristão, deveria retornar à companhia de seu senhor e viver à altura do significado de seu nome, porquanto “Onésimo” significa “útil” (v. 10-12). Com grande tato e cortesia cristã, Paulo escreveu a fim de persuadir Filemom não somente a aceitar Onésimo de volta sem puni-lo ou tirar-lhe a vida (o usual tratamento conferido a escravos que fugissem), mas também a acolher Onésimo como “irmão caríssimo... no Senhor” (v. 16). Tem sido sugerido que as palavras “farás mais do que estou pedindo” (v. 21), subentendem que Filemom deveria dar carta de alforria a Onésimo, mas talvez Paulo estivesse sugerindo apenas que Filemom permitisse que Onésimo se ocupasse do trabalho missionário. Paulo também se comprometeu a restituir Filemom do prejuízo financeiro causado por Onésimo, entretanto, a menção imediata da dívida espiritual maior ainda de Filemom ao apóstolo, convida aquele a cancelar a dívida financeira que Paulo acabara de assumir (v. 18-20). Os estudiosos entendem que o fato de Filemom ter dado publicidade a esta carta significa que ele atendeu os pedidos de Paulo, a respeito de Onésimo, pois caso contrário a carta teria sido destruída e não saberíamos de sua existência.

 

 

 Esta pequena carta não expõe temas doutrinários de maior destaque, mas tem algo de importante a dizer na esfera dos relacionamentos pessoais. No século I a escravidão era aceita como parte do curso natural da vida. Ninguém pensava em aboli-la. Um escravo podia ser considerado uma ferramenta viva e não uma pessoa. Mas, quando Paulo insta Filemom a receber Onésimo não mais como escravo, mas acima de tudo como irmão amado, e passa a falar dele tanto como pessoa como cristão (v. 16), ele torna a escravidão sem sentido. Paulo não apela a Filemom para agir com base em coisas como compaixão, ou interesse pessoal sincero, por mais importantes que sem dúvida sejam, mas com base no amor (v. 9), a manifestação visível do evangelho. Paulo disse que “cada um continue vivendo na condição que o Senhor lhe designou”, que o escravo é “liberto do Senhor” (I Co. 7.17,22) e que em Cristo não há “nem escravo nem liberto” (Cl. 3.11) e em Filemom descobrimos o que isso significava na prática. Paulo estava dizendo algo de importância permanente sobre a maneira como os cristãos vivem na sociedade da qual são membros. Esta cartinha também lança luz sobre o caráter de Paulo. O apóstolo tem recebido críticas de alguns setores: ele é visto como uma pessoa fechada e intransigente, intolerante com os que divergiam dele e rigoroso em fazer prevalecer uma conformidade a seus padrões arbitrários. É bom ver este lado do apóstolo, um homem cheio de compaixão, que intercede por um escravo fugido e está pronto a pagar o preço. Fala-nos também algo de sua atitude para com Filemom e da maneira como foi capaz de preparar o caminho para que seu amigo fosse magnânimo.

 

 

ESBOÇO

I. Introdução. Fm. 1-3.

II. Ação de Graças. Fm. 4-7.

III. Paulo Intercede por Onésimo. Fm. 8-21.

IV. Conclusão. Fm. 22-25.

 

 

COMENTÁRIO

Filemom 1

 

I. Introdução. Fm. 1-3.

 

1. Contrastando com "apóstolo", o termo mais costumeiro, a designação que Paulo dá a si mesmo, prisioneiro de Cristo Jesus (

v. 13), tem uma ligação direta com o tema da carta (Cl.

4: 18).

2, 3. Os destinatários não eram apenas os membros de uma família cristã, mas a igreja que se reunia na casa deles. Era costume, e às vezes se tornava necessidade, que as igrejas locais se reunissem na casa de um dos membros (cons. Atos 18:7).

II. Ação de Graças. Fm. 4-7.

4,5. Nas orações de Paulo a menção de Filemom (sou) sempre trazia aos lábios do apóstolo uma palavra de gratidão. Filemom se caracterizava pelo amor e fé; essas atitudes eram primeiramente dirigidas a Cristo mas encontravam sua expressão na igreja 6,7. Para que seja eficiente, a comunhão ou participação da fé deve ser no pleno conhecimento (Cl. 1:9;

2:1-3); isto é, um crente deve ter a devida percepção do bem que ele tem em Cristo.

O versículo é de difícil interpretação; O ministério de Filemom era ativado pela percepção que tinha do amor e verdade cristãs. Paulo se regozija nisto e deseja que esta motivação possa influenciar a atitude de Filemom para com seu escravo fugitivo.

Coração.

Sentimentos mais íntimos, "o âmago do ser".

 

III. Paulo Intercede por Onésimo. Fm. 8-21.

 

8,9. Paulo evita invocar sua autoridade apostólica para ordenar

Filemom fazer o que convém, isto é, a coisa certa. Antes, ele apela para o seu amigo em nome do amor, como alguém que tem direito de ser ouvido: ele é Paulo, "um embaixador" e agora um prisioneiro de Jesus Cristo. Embora presbytes signifique estritamente velho ou idoso, aqui a variante na ortografia e no significado provavelmente está correta (Ef  6:20).

Se o apóstolo está fazendo distinção entre a autoridade apostólica e o tipo de autoridade exercida pelos outros líderes cristãos não o sabemos com certeza. Em qualquer dos casos, ele dá o exemplo de como a verdadeira liderança cristã pode funcionar de maneira mais eficiente.

10,11. Como em outras passagens (I Co 4:15; Gl 4:19) Paulo se refere ao seu convertido dizendo tê-lo gerado.

Embora fosse escravo em uma família cristã, presumivelmente Onésimo não abraçou a fé cristã até que fugiu e se colocou sob a influência de Paulo. Na qualidade de cristão, Onésimo, isto é, Útil (um nome bastante comum para um escravo naquele tempo e região), que antes fora inútil, agora vivia à altura do seu nome. Paulo poderia ter dado o nome de "Onésimo" ao escravo diante de sua conversão (Is 62:2; Gn 17:5, 15; 32:28; At 13:9).

O costume de dar um novo nome no momento da conversão, existe ainda hoje entre crentes em civilizações não-cristãs.

12. O verbo traduzido para envio de volta pode ter o significado técnico jurídico de "transferir o caso", isto é, deixar que Filemom mesmo julgue a questão da liberdade de Onésimo ( Lc 23:7, 11; Atos 25:21). Mas o significado mais comum é o mais provável aqui. Paulo compara o enviar do escravo como se enviasse o seu próprio coração.

13,14. Onésimo foi de considerável ajuda a Paulo em suas

algemas... por causa do evangelho.

O apóstolo queria continuar fazendo uso dos seus préstimos que Filemom teria alegremente aprovado.

Mas Paulo, sendo sensível à ética da situação, recusou-se a tomar liberdades com a estima de Filemom. Ele queria que seu amigo agisse segundo o seu próprio consentimento e voluntariamente, sem se sentir forçado ou acuado. Quando um homem presta um "serviço cristão" porque os amigos fizeram com que a situação se tomasse difícil para dizer não, seu serviço deixa de ser genuinamente cristão.

Será que Filemom libertou Onésimo e o enviou de volta à Paulo?

Será que o antigo escravo tornou-se um ministro e, mais tarde, bispo da igreja em Éfeso?  

A carta de Inácio aos efésios, 1).  

 Ainda que uma resposta certa não possa ser dada a estas perguntas, a suposição por elas despertada é tentadora.

15,16. Temporariamente.

 Literalmente, por uma hora. Uma perda insignificante resultou em um ganho imensurável. Para sempre.

Permanentemente. O termo é reminiscência da provisão feita para a escravidão voluntária em Êx 21:6.

Mas o relacionamento não devia mais ser encarado em termos de senhor e servo.

Ser cristão é ser irmão dos outros crentes.

 E este é o fator determinante em todos os outros relacionamentos humanos, quer sejam na carne, isto é, no plano natural, quer no Senhor, isto é, no plano espiritual, na esfera da "nova geração".

Entretanto, os relacionamentos de ambos os planos devem ser

desenvolvidos simultaneamente.

Filemom era irmão e senhor; Onésimo era irmão e escravo. Tal relacionamento duplo fazia surgir problemas difíceis na igreja primitiva.

 E tais problemas ainda complicam o relacionamento econômico e social dos cristãos hoje em dia (I Tm 6:2; Cl  3:11).

17. Tendo narrado a história e tendo gentilmente reformulado alguns princípios cristãos, agora Paulo faz um apelo direto:

"Recebe Onésimo como se recebesses a mim mesmo (Mt

25:40; Atos 9:4); por amor a ti eu o manteria comigo em teu lugar (Fm 13), mas em vez disso eu o envio a ti em meu lugar". Companheiro.

 Não apenas um companheiro Cristão, mas alguém com quem muitas experiências foram partilhadas.

18,19. Paulo não menciona a verdadeira ofensa praticada por

Onésimo, mas parece que foi mais do que simplesmente fugir.

A oferta de Paulo de pagar algum dano sugere que há algum dinheiro envolvido roubo, desfalque, ou talvez simplesmente um imprudente emprego de fundos.

A ti mesmo.

 Ao que parece Filemom também era um convertido do apóstolo.

Este delicado lembrete tinha a intenção de aquietar qualquer

exigência de "justiça" e para reaproximar os dois, Filemom e

Onésimo; eles tinham o mesmo pai espiritual.

20,21. Demonstrando amor cristão a Onésimo, Filemom reanimada e alegraria o próprio Paulo.

Com base nisto o apóstolo faz o seu apelo, certo de uma boa reação.

Mais do que estou pedindo.

 Isto pode se referir a devolver a Onésimo a sua liberdade ou  devolvê-lo a Paulo (vs. 13, 14).

 

IV. Conclusão. Fm 22-25.

22. A confiança de Paulo de que seria solto de sua prisão faz eco aos seus sentimentos em Fp 1:25, 26.

Por vossas orações. É digno de nota que o apóstolo, sendo tão insistente sobre a soberania de Deus ( Gl  1:15,16; Rm 8:29), esteja igualmente convencido de que Deus realiza Seus propósitos através de instrumentos humanos. O apóstolo não pede orações; ele tem por certo que o seu "companheiro" (Fm 17) lembra-se dele em suas orações. (Vv.23,24; 4:10-14, 15-17).

25. Vosso espírito ( Gl  6:18; II Tm  4:22).

 O plural indica que a referência foi feita a todo o grupo incluído  na saudação (vs. 1, 2).

Espírito parece ser um termo empregado com referência ao todo do homem no estado ou na aparência de sua "nova geração" ( I Pe 4:6; II Co  2:13; 7:5; I Co 2:11-16)

 

O alicerce da intercessão (vs. 8-9)

Embora eu tenha plena liberdade em Cristo para te ordenar o que deves fazer, prefiro pedir-te confiado no teu amor (v. 8-9a grifo nosso).

Ao invés de usar sua autoridade apostólica para ordenar, afinal Filemom também era um colaborador seu e conheceu o evangelho por intermédio dele (v.19), o velho apóstolo faz um apelo em nome do amor.

 Neste sentido, pode-se afirmar que Filemom é uma obra-prima da diplomacia pastoral. O pedido paulino não é reforçado por expressões de coersão, constrangimento ou coação

. A reconciliação entre Filemom e Onésimo baseia-se nos princípios do amor e do perdão cristãos

 O indivíduo da intercessão (vs )... venho interceder por meu filho Onésimo (v. 10). O coração desta carta concentra-se em Onésimo.

Ele é o escravo fugitivo. Onésimo saiu de Colossos como um ladrão.

Mas converteu-se ao evangelho em Roma; talvez ele ouvisse Filemom falar do evangelho ensinado por Paulo e buscou refúgio no apóstolo em Roma.

 Depois de sua conversão, parece-nos que Onésimo tornou-se um colaborador de Paulo (v. 11,3), e este até desejou mantê-lo com ele. Todavia, se assim o fizesse, estaria forçando o perdão de Filemom.

Isso ele não queria.

O desejo do apóstolo era que, espontaneamente (v. 14), Filemom tomasse a sua decisão.

A palavra grega ekousion, traduzida por espontaneamente, também pode significar de livre e espontânea vontade O objetivo da intercessão (vs ) Paulo queria que Filemom recebesse Onésimo não mais como escravo, melhor do que escravo, como irmão amado (v. 16).

 O verbo receber presente no v. 17, significa, tomar, receber para si, aceitar em sociedade, ou no seu círculo de amizades.

 Esse é o objetivo do apóstolo.

 Ele insiste que Filemom (o senhor) deveria abrir mão das convenções sociais brutais que envolviam a escravidão na Roma antiga e amar Onésimo (o escravo) como se fossem irmãos de fato.

 O relacionamento entre os dois deveria ser reorientado em torno da participação de ambos na família de Deus A garantia da intercessão.

 E se ele te causou algum prejuízo ou te deve alguma coisa, lança-o na minha conta (v. 18).

A expressão traduzida por lançar na minha conta é um termo técnico comercial, da área da contabilidade, significava colocar na conta da pessoa, para cobrá-la.

 Paulo está assumindo formalmente todo prejuízo causado por Onésimo.

 De fato, o apóstolo preenche um cheque em branco em favor do escravo fugitivo.

Ele garante que pagará o possível prejuízo que Onésimo pode ter dado a Filemom na fuga.

 

 A lei romana exigia que quem desse hospitalidade a um escravo fugitivo fosse devedor ao senhor do escravo do montante de cada dia de trabalho perdido, pode ser que a promessa de Paulo de ser fiador (v. 19) nada mais é do que a garantia dada a Filemom de que ele pagará o montante do prejuízo incorrido pela ausência de Onésimo do seu serviço.

 Apesar de Paulo se colocar à disposição para pagar a dívida de Onésimo a Filemom, diz ao mesmo que ele lhe deve a própria vida (v. 19).

 Foi o apóstolo quem pregou o evangelho a Filemom.

 Neste sentido que Paulo diz: tu me deves a ti mesmo.

Filemom tinha um grande débito espiritual para com Paulo. Ele conclui esta parte dizendo: Sim, irmão, gostaria de ser beneficiado por ti no Senhor; dê ânimo ao meu coração em Cristo (v. 20).

 Confianças e despedidas (vv ) Os quatro últimos versículos desta carta mostram Paulo como um pastor que conhece suas ovelhas; como um missionário que, mesmo em uma situação desfavorável, continua crendo na graça de Deus.

Algumas observações podem ser destacadas e seguem abaixo A confiança na obediência (v. 21) Escrevo-te confiado na tua obediência... (v. 21

Paulo conhecia o caráter de Filemom (v. 5) e sabia que ela era um cristão comprometido.

O evangelho que Paulo anunciava ensinava que aqueles que foram gratuitamente abençoados por Cristo, também devem demonstrar bondade para com os outros. Filemom faria isso? Paulo confiava que sim.

 A confiança na oração (v. 22)...espero que pelas vossas orações serei levado de volta a vós (v. 22).

Paulo estava preso, mas acreditava que o Senhor é o libertaria.

A expressão serei levado de volta a vós, no original é humon charisthésomai humin, que literalmente significa de vós haverei de ser por graça dado a vós.

 O verbo charisthésomai, está na voz passiva, e sugere que somente Deus pode assegurar a libertação de Paulo, embora ele confie nas orações da comunidade para pedir a Deus tal favor.

 As despedidas de Paulo (vs24 )

A carta é encerrada com a menção a alguns colaboradores de Paulo, tais como: Epafras, Marcos, Aristarco, Demas e Lucas.

Todos estes enviaram saudações para Filemom. Isso demonstra que todos sabiam que Paulo estava enviando esta carta ao mesmo; talvez, todos conheciam esta história e, também estavam torcendo pela reconciliação entre Onésimo e Filemom. As últimas palavras de Paulo são: A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito (v. 24).

 

 A Teologia da carta a Filemom

Apesar de ser a menor das cartas do corpus paulino, Filemom também possui certa parcela de contribuição na Teologia do Novo Testamento. Pode-se afirmar que o principal enfoque teológico da mesma diz respeito ao poder transformador do evangelho e seus resultados na vida de um cristão.

 O evangelho transforma indivíduos.

Esta epístola, demonstra o poder transformador do evangelho, pois, aquele que anteriormente foi considerado inútil tornou-se, como resultado da conversão (v. 10), (muito) útil.

 Na concepção de Paulo, a conversão deu uma guinada na existência na vida de Onésimo.

Ele tornou-se um homem diferente.

De um escravo fugitivo e ladrão, ela torna-se um cristão colaborador do apóstolo Paulo no ministério da pregação do evangelho.

 O apóstolo sabe que, como um homem transformado, uma nova pessoa em Cristo, Onésimo demonstrará a prova de sua conversão quando receber as boas-vindas de volta em Colossos.

Por isso, ele é enviado de volta.

 E, por tudo o que já fora dito sobre a escravidão neste artigo, é duvidoso se Onésimo teria retornado a Filemom, mesmo com esta carta, se não tivesse realmente se convertido a Cristo.

Além de Onésimo, Filemom também fora transformado pelo poder do evangelho.

Quando Paulo lhe escreve esta correspondência e lhe faz o pedido tema da mesma, o faz em nome do amor (v.9).

O apóstolo presume que ele e Filemom estão de acordo em relação ao princípio central da fé cristã: o amor ao próximo.

 Por causa das demonstrações de amor que Filemom já vinha dando em relação a outras pessoas da comunidade cristã (vs. 5-7), Paulo entende que ele fará o mesmo em relação a Onésimo; afinal de contas, trata-se de alguém convertido a Cristo e transformado pelo evangelho.

 O evangelho derruba barreiras sociais.

 O pedido de Paulo a Filemom, para que este receba a Onésimo, mostra que o apóstolo acredita que o evangelho derruba barreiras sociais.

Ele crê que o evangelho reconfigura um dos relacionamentos sociais mais básicos e brutais dos seus dias: a escravidão.

 A escravidão era uma prática bem comum e presente no primeiro século.

 Principalmente nas cidades, os escravos talvez fossem tão numerosos quanto os livres.

 A escravidão não se baseava em distinção de raça. Era comum condenar criminosos, endividados e prisioneiros de guerra à servidão; lá pelo século primeiro, no entanto, a maioria dos escravos nascia já nessa condição.

 É bem possível que algo em torno de sessenta milhões de homens, mulheres e crianças viviam na servidão, em todo o império romano.

Os escravos eram considerados como bens particulares, ferramentas como machados e enxadas.

 Ainda que fossem almas humanas, eram vendidos como mármore, bronze, ferro e canela.

Não possuíam direitos legais e poderiam ser criados, estuprados, punidos e assassinados ao critério dos seus senhores.

 Os poderosos da época defendiam a escravatura com unhas e dentes.

 Para eles, o regime era interessante e necessário para o bem do império.

 Encaravam-na como indispensável à vida econômica.

Sem o regime da escravatura, talvez os romanos não tivessem conseguido o domínio político da região do Mediterrâneo, tampouco suas célebres realizações arquitetônicas, urbanas, literárias e filosóficas teriam sido possíveis.

 A escravidão provia às classes mais ricas o tempo vago necessário para a elaboração de estratégias, o planejamento de construções, o debate da legislação, a composição de poesias e ensaios e a meditação sobre a vida.

 Como o apóstolo Paulo se posicionou diante deste regime? Apesar de não ter denunciado a escravatura em si, abertamente, o apóstolo tratou do problema indo direto em suas bases.

 O apóstolo trabalhou com princípios bíblicos que, de alguma maneira, minam todas as bases do pensamento da escravatura.

Em suas epístolas, Paulo se dirige tanto a escravos como a senhores, da perspectiva dos propósitos de Deus de, em Cristo, formar um novo povo.

 Em nítido contraste com as práticas desumanizadoras da escravatura, ele se dirige aos escravos como seres humanos responsáveis (Ef 6.5-8; Cl).

 Pela fé em Jesus eles são filhos de Deus, em cujo reino não há nem escravo nem liberto (Gl ; Cl 3.11; I Co 12.13).

Ele insiste em que o relacionamento entre indivíduos incluindo o relacionamento entre o escravo e seu senhor deve evidenciar que eles pertencem a Cristo. Paulo fala aos senhores de escravos firmado nas mesmas convicções. Deus não tem predileções.

 Essa postura radicalmente distinta mina todo o conceito da escravatura.

 Dentro do cristianismo, escravo e senhor são equalizados, enquanto família de Deus.

Neste sentido, a carta de Filemom traz uma mensagem.

O escravo Onésimo deveria ser recebido como irmão (v. 16), na carne e no Senhor.

 Por trás desta fala de Paulo, está sua crença de que o evangelho derruba barreiras sociais e transforma relacionamentos.

Essa redefinição radical de relacionamento entre senhor e o escravo remove a brutalidade e os aspectos desumanos do mercado romano de escravos, e sem estes aspectos, o desaparecimento desta instituição, pelo menos nos círculos cristãos, espera apenas que a aplicação coerente do conceito social radical de Paulo seja praticada.

 

Considerações finais

 

Uma das perguntas a ser feita ao terminar o estudo da carta de Paulo a Filemom, é a que diz respeito ao desfecho da história. Teria Filemom perdoado Onésimo? O texto do Novo Testamento não diz. Todavia, pode-se afirmar que sim, por ao menos duas razões:

1) O fato da carta ter sido preservada inclusa no cânon é um forte indicativo da resposta favorável de Filemom ao apelo de Paulo;

2) à luz da história da igreja cristã, meio século depois de Paulo ter escrito esta carta, o bispo Inácio da Síria foi preso e levado para Roma.

De lá, antes de ser morto, ele enviou uma carta para todas as igrejas que o ajudaram durante a sua viagem.

Uma destas epístolas foi dirigida ao Bispo Onésimo de Éfeso.

E, é bastante possível, de acordo com alguns estudiosos que Onésimo, libertado por Filemom, tenha sido o bispo desta igreja.

Éfeso ficava perto de Colossos, onde Filemom morava.

 Pode ser possível também, que o fato de Onésimo ter se tornado bispo foi um fator importante para a inclusão desta carta no cânon do Novo Testamento.

 É apenas uma hipótese, mas vale a pena ser considerada.

 

O objetivo ao investigar este documento neotestamentário é, tendo em vista trazer à luz, à medida que a investigação se desenrolasse, as contribuições e implicações desta pequena epístola aos cristãos hodiernos. Espera-se que isto tenha ocorrido.

domingo, 23 de setembro de 2012

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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Deus Teve a Intenção de Matar Moisés?



Publicado em: 28/5/2012
Por: Jânio Santos de Oliveira


Presbítero e professor de teologia da Igreja Assembléia de Deus Taquara -


 Duque de Caxias - RJ



http://oprofjanioresponde.blogspot.com.br/






“E aconteceu no caminho, numa estalagem, que o Senhor o encontrou, e o quis matar”. Êxodo 4.24


Este é um dos textos mais difíceis da Bíblia, em função do hebraico bastante difícil e da concisão do texto. 


De qualquer modo, muito provavelmente Moisés se absteve de exercer seu papel, o de pai, a quem cabia a circuncisão do filho. Ao não fazê-lo, ele sobrecarregou a esposa, que teve que pegar uma faca e fazer a necessária cirurgia. 


A omissão de Moisés fez dele um sanguinário, no sentido que obrigou sua esposa a ser sanguinária (a derramar sangue, tarefa exclusivamente masculina). 


A ameaça de Deus sobre Moisés visava despertar o jovem líder para sua tarefa em casa. A vida em família não pode ficar em segundo plano, nem mesmo em nome de Deus, que não quer este tipo de sacrifício. 


Como o serviço (excessivo) de Moisés era para Deus, Deus então deu um ultimato, como se dissesse: eu quero obediência, não sacrifício. Moisés entendeu. Se não entendesse, morreria o que configura mais uma faceta da ira de Deus.


A rigidez da disciplina divina parece ser excessiva neste caso, todavia, como ocorre na seqüência de Gênesis 17.9-14, vemos, bem enfatizada, a ordenança de Deus que todo o macho (homem), que estivesse envolvido com sua aliança deveria ser circuncidado.  
O versículo 14, mais especificamente, prescreve morte para aqueles que não se submetessem a este rito, tanto os judeus quanto os seus escravos.



 Neste caso, a omissão de Moisés em circuncidar o seu primogênito, Gérson, teria atraído a ira divina pela desobediência. Infere-se, a partir do contexto, que Moisés teria sido tomado por uma enfermidade (“e o quis matar”), e, antes que a doença lhe tirasse a vida, o próprio Moisés determinou a Zípora, sua esposa, que efetuasse o rito (v. 25,26), granjeando dela o protesto que se lê no texto. 


O chamado de Deus na vida de Moisés foi muito importante. Mas somente “chamar” não garante o sucesso, é necessário obedecer. Alguns ainda insistem em fazer a obra de Deus sem assumir um compromisso pessoal com Ele.


 Essa falta desqualifica o enviado.  
Também, encontramos outras ocasiões em que Deus foi “duro” com Moisés. Mas o episódio do capítulo 4 de Êxodo é surpreendente. 


Se considerarmos o texto, verificaremos que a ênfase não é tanto em Moisés, mas em sua esposa, Zípora. Vejamos: “E aconteceu no caminho, numa estalagem, que o SENHOR o encontrou, e o quis matar. Então, Zípora tomou uma pedra aguda, e circuncidou o prepúcio de seu filho, lançou-o a seus pés e disse: Certamente me és um esposo sanguinário. E desviou-se dele. Então ela disse...” (Veja Êx 4.21-26).  



Não obstante não ter sido ainda regulamentada pela lei, que estava por vir, Moisés conhecia claramente a importância da circuncisão. 


Contudo, a ênfase em sua esposa Zípora indica que ela talvez não estivesse concordando com a circuncisão. O versículo 26 enfatiza a rejeição de Zípora. 

Ao que tudo indica, Moisés estava sendo impedido por sua esposa de obedecer a esse preceito da tradição. 


Tendo esses pontos em mente, podemos concluir que o Senhor realmente chamou e enviou Moisés, contudo, sua esposa relutava em aceitar o costume da circuncisão. Sua rejeição, talvez, fosse por considerar a circuncisão como algo desnecessário ou impraticável. 



Somente quando o Senhor insistiu na obediência de Moisés, colocando-o sob pressão, que sua mulher cedeu e permitiu a circuncisão. Encontramos, também, em algumas passagens das Escrituras, Deus pressionando outras pessoas para que pudessem entender determinadas situações. Tomemos cuidado, pois muitas coisas que consideramos sem importância podem ser fundamentais. 



Embora não tenhamos hoje o costume da circuncisão, conhecemos, porém, suas implicações escriturísticas. A circuncisão, entre outros fatores, servia para identificar a nação santa, escolhida para trazer ao mundo o descendente que demonstraria todas as credenciais de sua unção. Estamos falando do Messias. Além disso, a Bíblia nos admoesta a circuncidar o prepúcio do nosso coração. 




Apesar de cada uma das escolas de educação teológica firmar um ponto de interpretação divergente sobre este assunto, existe também a possibilidade de Moises ter sido obrigado a circuncidar o seu filho Gérson derramando o seu sangue para ele mesmo não ser morto pelo Senhor.  



Se você verificar o contexto de todo o capítulo quatro do Livro de Êxodo Moisés relutara com Deus afim de não retornar ao Egito, o que acarretaria na sua morte em função da sua omissão; para não morrer então ele decide derramar o sangue inocente de seu filho numa clara alusão tipológica do Sangue de Jesus (Hb 10.22).


 Verifique que após este episódio, a sua esposa se desentende com ele e o abandona e ele passa a obedecer ao chamado divino de forma incondicional 


Que Deus nos ajude a esclarecer melhor este assunto à luz da eternidade quando estaremos para sempre na presença de Jesus, amém!